O Pequeno Mundo

População brasileira está entre as que mais usaram perfumes no mundo. Os motivos são os mais diversos, como felicidade, memória afetiva e personalidade.

Você sabia que o Brasil é o país que mais consome fragrâncias no mundo? água de colônia, desodorante, perfumes, nenhum escapa do apetite voraz dos brasileiros quando o assunto é odores corporais. Sinônimo de limpeza, beleza, comportamento, e até  classe social, o perfume é ancorado ao brasilieiro e faz parte da sua cultura. Segundo COSMETIC INNOVATION, 78% da população consome itens com fragrâncias, enquanto na Europa o percentual é de 50%. Nos Estados Unidos em torno de 30% e na China não mais que 2%.

O próprio nome; perfume vem de “fumo” e  significa fumaça de ervas especiais e pós aromáticos,  que os egípcios queimavam para agradar seus deuses, mas também para curar certas doenças. O perfume mais popular no antigo Egito era o Kyphi, um incenso feito de terebintina, açafrão, passas, canela, vinho, murrhea, mel e outros produtos.

Os egípcios acreditavam que cada ingrediente tinha propriedades mágicas. Ao longo do tempo, o significado do perfume e seu uso variaram entre regiões e países. Na Europa, na época do renascimento, entre os séculos 14 e 16, por exemplo, os nobres usavam muito perfume para mascarar os odores corporais, pois um banho exigia a mobilização de uma grande equipe para trazer litros de água e aquecê-los. Além disso, naquela época, as pessoas acreditavam que a água era fonte de doenças.  Saiba mais sobre os perfumes na época do renascimento na Europa

No Brasil, por causa do clima quente, os indígenas costumavam se lavar regularmente com ervas aromáticas. Eles também usavam aromas nos cultos religiosos para afastar as energias negativas. Eram muito apegados aos elementos da natureza. A abundância de rios e ervas, flores exóticas e óleos naturais como andiroba, pitanga, urucum e coco permitiam esse consumo. Foi somente após a chegada dos portugueses que outros materiais como cravo e canela passaram a ser usados. Com o tempo, os colonizadores, que também não estavam acostumados a tomar banho, começaram a habituar-se a lavar-se com mais regularidade.

 A mistura de culturas em nada impediu a sustentabilidade da perfumaria no Brasil. Hoje, existem milhões de perfumes diferentes circulando pelo país, satisfazendo qualquer um. O perfume tornou-se uma cultura enraizada na vida do brasileiro, e isso não está prestes a mudar. Cheirar bem era e ainda é uma maneira de se comunicar, principalmente as emoções, e de ligar o corpo à alma. O  número de pessoas que passam perto de você e não emite uma fragrância pode ser contado na ponta dos dedos. Existem todas as categorias de perfume: do mais caro ao mais acessível, do amadeirado ao sedutor, cada um encontra sua conta.

 Renata Ashcar é uma autoridade em perfumaria. Ela  foi precursora no  Brasil  a escrever um livro sobre perfumes. Brasilessência: a cultura do perfume foi a primeira de  uma série de várias outras obras. Ao perceber a dificuldade das pessoas em buscar perfumes e ter informações, ela decidiu escrever um guia sobre o assunto para ajudar o público a se direcionar melhor para seus desejos.

 Hoje, seu pioneirismo  inspirou a criação do primeiro museu de perfumes no Brasil, instalado em São Paulo. “Assim como a moda, o perfume tem tudo a ver com a personalidade. Junto com a moda, a fragrância muda”, afirmou a educadora olfativa.

O perfume é basicamente a combinação de óleos essenciais, pós, álcool e água. Mas, para o sommelier de perfumes, Adriano César Guimarães, “o que faz um bom perfume é o equilíbrio, a harmonia em sua pirâmide olfativa e que tenha a proposta condizente com seu cheiro” Ou seja, para ele, é a maneira que é feita a assemblagem desses elementos, a dosagem de cada produto.

 “O perfume tem um valor sentimental muito forte, pois certos cheiros me recordam automaticamente a certos momentos e pessoas que fizeram parte da minha vida”, afirma  Bárbara Teles, que é uma usuária apaixonada  de perfumes. Ao contrário da Bárbara, Gloria Bonfo não tem essa cultura de perfumes, ela é togolesa, e para ela foi um verdadeiro choque quando chegou ao Brasil e percebeu que tudo tem que cheirar bom para o brasileiro; do sabão até os produtos de roupas. Ela é acostumada a usar produtos neutros. Para Bonfo, os brasileiros são obcecados por perfumes, ao contrário do seu país, o Togo. “No meu país, as pessoas usam mais os desodorantes, mas nem todo mundo; menos os perfumes. Os perfumes são usados em ocasiões especiais, como casamentos, por exemplo. Aqui no brasil, eu diria que 99% das pessoas que passam perto de mim cheiram bem”, disse Gloria.

Fábio Navarro também é expert em perfumes. “ Um bom perfume é aquele que faz feliz quem o usa. Me perfumar é expandir como estou me sentido para o mundo na forma de fragrâncias! O meu maior incentivo é trazer para as pessoas  a minha visão de beleza na perfumaria”,  revelou o profissional de fragrâncias.

 Para quem não sabe escolher perfumes, a professora Renata dá uma dica.  Não confie no cheiro que você sente em uma pessoa, pois as fragrâncias dos perfumes variam de acordo com cada indivíduo. O mesmo perfume pode cheirar de forma diferente em duas pessoas por causa de sua dieta e estado de saúde. Para isso, é sempre importante testar um perfume na pele antes de comprá-lo.

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